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Paciente vítima de ginecologista condenado a mais de 270 anos por estupro revela alívio: 'justiça foi feita'


As vítimas do médico ginecologista Nicodemos Júnior Estanislau Morais, condenado a 277 anos de prisão pelo crime de estupro de vulnerável contra 21 mulheres, em Anápolis, não esconderam o alívio diante da sentença proferida pela Justiça. Para uma delas, a condenação de Nicodemos representa um sentimento de “justiça feita”. “Me sinto aliviada”, desabafou.

Em um dos processos julgados pela juíza Lígia Nunes de Paula, Nicodemos foi condenado a 163 anos de prisão pelo crime contra 12 vítimas. No outro, que envolveu 9 mulheres, o ginecologista pegou uma pena de 114 anos. Além disso, o homem ainda terá que pagar R$ 100 mil de indenização por danos morais para cada vítima.

 

À TV Anhanguera, uma das vítimas que denunciaram Nicodemos, ainda em 2021, comemorou a sentença da juíza.

“Me sinto com sentimento de que a justiça foi feita. Me sinto aliviada que ele está no lugar que realmente ele tem que ficar, que é na cadeia”, afirmou.

A ex-paciente do médico ainda fez um agradecimento à primeira pessoa que denunciou Nicodemos, que, segundo ela, encorajou as demais. “Hoje, eu percebo que se eu tivesse ido antes [denunciar], talvez muitas mulheres poderiam ter sido poupadas dessa situação”, concluiu.

“Abusador de mulheres”
Promotora de Justiça do Ministério Público de Goiás, Camila Fernandes Mendonça foi outra que comentou a condenação. Para ela, a sentença de Nicodemos expôs o seu real caráter do médico.

“Agora, com base nessas últimas sentenças condenatórias, com essas penas altas, nós podemos afirmar que atrás daquele jaleco branco não estava um médico, mas sim abusador de mulheres”, declarou, também à TV Anhanguera.

Condenação
Em outubro de 2021, enquanto corria o processo, Nicodemos chegou a dar uma entrevista dizendo que atendeu cerca de 500 mulheres por mês de 2019 até aquela ocasião, e que a proporção de denúncias era pequena.

“Eu, como ginecologista, vou ter uma porcentagem de pacientes que não vão se agradar com minha abordagem”, disse. Já em juízo, o médico afirmou ter criado uma “técnica de anamnese mais completa”, em que perguntava e examinava as pacientes em maiores detalhes.

Porém, para a juíza Lígia Nunes de Paula, “o que pode parecer em princípio um zelo, se revela uma maneira de mascarar o intuito lascivo travestido de técnica médica.”

A magistrada argumentou ainda que “a medicina existe para curar as pessoas, não para feri-las ainda mais” e que os “estupros foram praticados por meio de ardil, se valendo do pretexto de realizar um exame ginecológico para praticar os atos libidinosos”.

“Em reforço, o agente se valeu da sua condição de médico ginecologista para praticar os atos, desprestigiando sua profissão e demonstrando um alto nível de instrução”, arrematou.
Vale destacar que Nicodemos já havia sido condenado a 35 anos de prisão em 2022 por abusar sexualmente de pacientes. A decisão foi emitida em Abadiânia, no Entorno do Distrito Federal, e assinada pelo juiz Marcos Boechat, e se referiu a quatro casos de estupro de vulnerável cometidos contra três mulheres.


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