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Erro em mapas da divisão entre Gameleira de Goiás e Anápolis gera disputa de 416 hectares


A reintegração nos mapas oficiais da área de 416 hectares está sendo solicitada pela Prefeitura de Gameleira. Uma discrepância entre a divisa legal entre os municípios de Gameleira de Goiás, Silvânia, Anápolis e Leopoldo de Bulhões, no centro goiano, e o mapa elaborado pelo Instituto Mauro Borges (IMB) está gerando indefinição na delimitação de seus limites. A área, que equivalem a algo em torno de 416 campos de futebol, também abriga o bairro Jardim Esperança, na divisa com o Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA). Os hectares ainda incluem o bairro Jardim Esperança, que está ligado ao DAIA, mas que faz parte do município de Gameleira.

A consequência da indefinição recai sobre os moradores do próprio  setor, localizados entre as rodovias GO-330 e GO-437. Audiências públicas já foram realizadas por vereadores anapolinos desde 2017 para tentar levar o setor para o município. De acordo com reportagens, na época, moradores reclamavam que “estavam sendo esquecidos” e que o bairro era “terra de ninguém”. “Nosso município está diminuindo ano a ano de forma indevida. Apenas por meio de lei que pode-se alterar a delimitação de uma cidade. Mas os mapas IMB estão tirando nossas terras ao longo dos anos”, explicou o prefeito de Gameleira, Wilson Tavares de Sousa Júnior (DEM). A extensão em disputa faz parte do município, segundo coordenadas territoriais na lei estadual de 1997 que criou Gameleira de Goiás, ao desmembrar o então distrito do município de Silvânia.

O Instituto Mauro Borges, ligado à Secretaria-Geral da Governadoria, do governo estadual, é responsável por pesquisas e estatísticas nas áreas de economia, geoprocessamento, geografia e ciências sociais. Os mapas são referências para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) realizar pesquisas, delimitar territórios e divulgar o número de habitantes, o que determina a quantidade de verba federal que uma cidade pode receber. Procurado pela prefeitura em abril de 2021, o IMB solicitou documentos que comprovem os erros para possíveis correções e esclareceu que “juntamente com o IBGE estão concluído o refinamento e readequação dos Limites dos Municípios goianos, conforme descrição da legislação vigente, com o objetivo de sanar ou minimizar possíveis desconformidades ou conflitos, no traçado dos Limites Municipais, do Estado de Goiás”.

Wilson Tavares diz que tenta resolver a questão pacificamente. “Ano passado, provocamos uma reunião com os prefeitos e com o procurador do município de Anápolis, para tratar o assunto, mas não houve acordo para resolver essa situação”, explicou o prefeito de Gameleira. Ele ainda afirmou que já enviou todos os documentos ao IMB e já acionou o Ministério Público de Goiás (MP-GO) em Anápolis. “Só queremos o que é nosso, pois nossa cidade está perdendo espaço com essas revisões em desacordo com nosso mapa legal”, completou o chefe do poder executivo local.

De acordo com documentos da prefeitura enviados ao IMB, o primeiro mapa publicado erroneamente ocorreu em 2007. Na época, Gameleira, Silvânia e Leopoldo ganharam parte dos terrenos da montadora Hyundai e do laboratório Teuto, do DAIA, em prejuízo para Anápolis. A mudança gerou alvoroço nos habitantes dos municípios. Em 2010, em novo mapa, foram retiradas áreas que pertenceriam à Silvânia, Gameleira e Leopoldo de Bulhões. Com isso, a “ampliação indevida à Anápolis”, suprimiu de Gameleira o bairro Jardim Esperança, que corresponde a 92 hectares. Em 2018, o mais novo mapa retirou área agricultável de Gameleira, totalizando 416 hectares.

Discussão
Demandas para revisar os traçados dos limites das divisas municipais foram recebidas pela a Comissão de Organização dos Municípios, da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) em 2021. A proposta tem como objetivo tentar resolver impasses parecidos com o de Gameleira. A iniciativa conta com o apoio do próprio IMB, da Federação Goiana de Municípios (FGM), da Associação Goiana dos Municípios (AGM) e do IBGE. O deputado Wagner Camargo Neto (Pros), presidente da Comissão, explica que ter o limite correto e preciso é condição necessária para que a administração municipal possa aplicar suas políticas públicas, sem o risco de invadir a competência de um município vizinho ou de deixar uma parcela da população sem assistência.

Os erros também podem prejudicar o agronegócio, segundo Wagner Neto. “A revisão é imprescindível porque com a regulamentação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) tornou-se obrigatório que cada produtor rural, para ter acesso a diversos programas, benefícios e autorizações, efetue o cadastramento das informações georreferenciadas do perímetro de seu imóvel. Esses limites das propriedades rurais, obtidos com as tecnologias atuais, quando confrontados com os limites municipais traçados a partir dos memoriais descritivos, têm levado inconsistências quanto ao pertencimento municipal”, afirmou para o portal Alego. Não há prazo para o fim dos trabalhos da Comissão.


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