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Com aumento de preços, queda no consumo de carnes cai e goianos precisam se adaptar.


Como alternativa aos alto preços de bovinos, consumidores e comerciantes optam por outras fontes de proteína

Dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 2021, mostram que, nos últimos anos, o brasileiro precisou reinventar o durante as refeições. Isso, porque o consumo de carne apresentou seu menor nível dos últimos 25 anos. Em relação a 2019, a queda é de quase 14%, de modo que cada pessoa consome uma média de 26,4 quilos de cortes bovinos ao ano.

Essa porcentagem é o menor nível apresentado desde 1996, início da série histórica da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas no Estado de Goiás (Sindiaçougue), Silvio Carlos Yassunaga, essa redução pôde ser vista com ainda mais intensidade nos últimos dois anos. “Desde o início de 2021, tivemos um aumento de 60 a 70% no preço da carne e isso impacta muito no consumo”, afirma.

Silvio explica que, desde 2019, esse aumento é motivado pela alta na exportação do alimento. “As exportações estavam e estão muito aceleradas e isso reflete no mercado interno, porque os frigoríferos internacionais compram em dólar e nós negociamos em real, então eles têm força de compra junto aos pecuaristas”, explica. Na tentativa de desmistificar o fato de os empresários lucrarem com esse aumento de preço, Silvio afirma que, na verdade, muitas vezes o profissional se prejudica na tentativa de poupar o consumidor.

“Quando aumenta o preço, a impressão que dá é que o empresário está ganhando mais, mas muitas vezes é o contrário.  Para não repassar o preço ao consumidor, o empresário sacrifica a margem de lucro, às vezes colocando em risco até a própria sobrevivência da empresa”, explica o presidente do Sindiaçougue. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na última semana, as carnes acumulam alta de 33,36%, nos últimos 12 meses.

Silvio ainda ressalta o impacto dos altos preços da carne nos próprios estabelecimentos de açougue. “Isso impacta muito na vida dos trabalhadores, porque as despesas não caem, elas aumentam.  É um período de adaptação em que é preciso diminuir as despesas e, muitas vezes, isso inclui a demissão de funcionários. Grande parte dos açougues em Goiás são empresas familiares, de médio e pequeno porte, então não existe uma assessoria financeira. O empresário faz por conta própria. E isso faz até muitos fecharem as portas, pela grande quantidade de dívidas”, esclarece.

Com o aumento da carne bovina, a solução obtida pelos comerciantes e pelos próprios consumidores, é a opção por fontes de proteínas alternativas. Outros cortes de carne, como aves, peixes e suínos, ou alternativas como o próprio ovo e leguminosas que contenham proteína. Presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio-GO), Marcelo Baiocchi ressalta a necessidade de adaptação à realidade atual, em prol da diminuição do impacto que a alta de preços traz.

“É preciso uma adaptação tanto do consumidor quanto do vendedor. O consumidor tem que ajustar o orçamento, definindo prioridades, e o comerciante tem que ajustar os preços pra continuar tendo clientela. E ser criativo. Esse aumento impacta no início, mas o consumidor acaba ajustando no orçamento dele para que ele continue seu consumo. Talvez consuma menos, mas com um ajuste de orçamento, ele continua consumindo. Se antes ele comia carne vermelha três vezes na semana, ele passa a comer uma ou duas, e no restante da semana faz variação com aves, ovos, peixes e suínos”, afirma.

Segundo a Conab, em contrapartida da diminuição de consumo de bovinos, houve um aumento significativo no consumo de aves, passando de 40 quilos para 45 em seis anos. Já o consumo de suínos, apesar de ter apresentado aumento considerável na última década, se mantém estável desde 2015.

A opção por outros tipos de proteínas não se restringe aos consumidores, mas aos próprios estabelecimentos, que optam por pratos compostos por ingredientes mais baratos e que cabem tanto no bolso do consumidor, quanto no do comerciante. “Nos pit dogs, por exemplo, muitos estão tirando do cardápio os sanduíches com carnes mais caras, como a picanha, e investindo em lanches à base de frango. A tendência é que isso permaneça até que esses preços se acomodem”, exemplifica Baiocchi.


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