A Caoa Chery vai encerrar suas atividades em Jacareí (80 km de SP) e deve deixar ao menos 600 funcionários desempregados, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, que informa que o anúncio foi feito nesta quinta-feira (5).
Além da unidade de Jacareí, a Caoa tem uma outra fábrica, em Anápolis (GO), onde são montados modelos da Hyundai e Chery. A compra de 50,7% da Chery pela Caoa foi feita em 2017, por US$ 2 bilhões na época (cerca de R$ 10,06 bilhões na cotação atual).
Segundo a empresa, a produção será intensificada em Anápolis. A meta de produção de 60 mil unidades neste ano está mantida.
600 demissões
O encerramento das atividades está sendo debatido entre o sindicato e a empresa. A entidade tenta negociar com a companhia em busca de minimizar o impacto das demissões na região. Inaugurada em 2015, a fábrica da Cherry em Jacareí foi a primeira da montadora fora da China e produz os veículos Tiggo 3x e Arrizo 6 Pro.
Em nota, a Chery afirma que a unidade será remodelada. No entanto, confirma que haverá demissões para que possa fazer as readequações necessárias. “Atenta às demandas globais em relação à mobilidade sustentável, a montadora assume o compromisso com o Brasil e seus consumidores de eletrificar todos os modelos de seu portfólio até o final de 2023”, diz.
Quanto aos funcionários, a montadora confirma as negociações com o sindicato e diz que pagará as verbas rescisórias e demais encargos legais.
“Em relação aos colaboradores da planta de Jacareí, a Caoa Chery está em negociação com os representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região para a definição de um pacote de indenização suplementar, além do regular pagamento das verbas rescisórias legais, seguindo o seu compromisso de respeito aos trabalhadores”, informa a nota.
Quanto aos clientes, a Caoa informa que seguirá “prestando atendimento integral” a quem comprou modelos fabricados em Jacareí, mantendo assistência técnica, garantias, peças e serviços em mais de 140 concessionárias no país.
Pandemia afetou produção
A pandemia afetou a produção das montadoras no Brasil, que têm se recuperado aos poucos. Em março deste ano, a Caoa Chery foi uma das que colocou parte dos funcionários da fábrica de Jacareí em regime de lay-off (interrupção temporária dos contratos de trabalho). Ao todo, a medida atingiu 450 dos cerca de 700 funcionários da época.
Segundo dados do setor, as vendas de veículos leves e pesados em abril mostraram sinais de melhora com a comercialização de 147.256 unidades no último mês, alta de 0,3% em relação a março, que teve dois dias úteis a mais. A média diária de emplacamentos passou de 6.991 para 7.750 unidades/dia no período.
Nos últimos anos, com a crise econômica, o fechamento de unidades da Ford marcou o fim de uma era de produção. Em 2019, a montadora anunciou o encerramento de suas atividades na unidade de São Bernardo do Campo (ABC), encerrando uma era de produção na região. Um ano depois, foi a vez dos funcionários de Taubaté receberam a notícia do fim das atividades e, em 2021, a montadora anunciou o encerramento de sua produção no Brasil.