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Governo estadual acompanha nos bastidores possível venda da Enel Goiás.


A movimentação da companhia italiana Enel para a possível venda da distribuidora de Goiás já é acompanhada há semanas nos bastidores pelo governo estadual. A reportagem apurou que o assunto foi tema de conversa de Ronaldo Caiado (UB) com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, oportunidade em que o governador foi o primeiro a avisá-lo sobre as tratativas e fez reclamações sobre o serviço prestado pela empresa em Goiás.

Há informação de que o presidente da Enel no Brasil, Nicola Cotugno, solicitou audiência com Caiado, encontro que deve ocorrer na próxima semana. O estado não precisa ser consultado ou envolvido nas tratativas formalmente, mas pessoas ligadas ao setor avaliam que o diálogo é importante.

A negociação da Enel para a venda da antiga Celg Distribuição (Celg-D) foi divulgada em matéria publicada pela Reuters nesta segunda-feira (25).

Como o POPULAR mostrou, atualmente a Enel Goiás é avaliada em R$ 10 bilhões, valor quase cinco vezes maior do que o preço pago pela Celg-D em 2016. A estatal foi vendida em leilão por R$2,187 bilhões. Por outro lado, a empresa acumula dívidas que podem fazer o valor cair para R$5 bilhões, além de dificuldades para cumprir metas.

A possível venda da antiga Celg-D foi citada por Caiado durante almoço com representantes do agronegócio na semana passada. As falhas no serviço prestado pela empesa em Goiás é reclamação recorrente do setor.

Na oportunidade, Caiado disse que o estado não pode agir administrativamente, já que a concessão é federal, mas afirmou que a gestão tem feito pressão por melhorias. Pessoas ligadas ao governo estadual avaliam de forma positiva a venda da empresa, mas existe o entendimento de que a movimentação ainda é inicial e não é possível prever a sua conclusão.

Negociação

O grupo Enel demonstrou interesse em vender a distribuidora goiana ao divulgar a informação no mercado. O Itaú foi contratado para trabalhar na negociação. As empresas CPFL Energia, Neoenergia, EDP Brasil, Energisa e Equatorial Energia demonstraram interesse.

A EDP faz parte do grupo que assumiu, no início de fevereiro, a Celg Transmissão, companhia que foi privatizada pelo governo Caiado por R$ 1,977 bilhão em outubro do ano passado.

Nos bastidores em Brasília, há informação de que a cúpula da Enel quer vender a antiga Celg-D, mas encontra dificuldades por não ter cumprido metas estipuladas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o que teria desanimado as empresas que demonstraram interesse inicialmente, por causa da insegurança jurídica.

Além disso, o fato de o assunto não ter passado pelo governo federal antes de chegar aos empresários “deixou o mercado nebuloso”, segundo uma fonte do setor.

No início de abril, reportagem do POPULAR mostrou que a Enel Goiás, mais uma vez, não conseguiu alcançar metas de melhorias no atendimento. Uma análise do primeiro trimestre de acompanhamento do Plano de Resultados de Continuidade do Fornecimento, firmado com a Aneel, o órgão identificou que a distribuidora mantém o desempenho abaixo do esperado, inclusive para cumprir o contrato de concessão.

Empresas

Em nota, a CPFL Energia informou que está constantemente olhando as oportunidades que surgem no setor elétrico e que estejam em linha com sua estratégia de negócios. Já a EDP disse que não comentará o assunto. As demais não responderam. Também por nota, a Enel informou que não comenta “rumores de mercado”.

Em nota, a Aneel informou que as áreas de concessão e fiscalização da agência não receberam nenhuma comunicação formal sobre eventual negociação para a venda da distribuidora em Goiás.

A Aneel também esclareceu que a concessionária possui competência para a gestão de seus negócios, “inclusive com relação à captação e aplicações de recursos, desde que suas ações sejam compatíveis com as exigências da prestação do serviço adequado”. A agência informou ainda que há obrigação de submeter eventual transferência de controle societário à prévia anuência do órgão de controle.


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