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Goiás tem 1,3 milhão de carros a mais do que motoristas.


O número de veículos registrados no Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) neste ano já superou a marca de 4,4 milhões, enquanto que a quantidade de Carteiras Nacional de Habilitação (CNHs) válidas atualmente só agora está em 3,1 milhões. A relação representa uma diferença de 42,5% a mais de carros, motos, caminhões e outros do que pessoas aptas a conduzir. Porém, nos últimos dois anos, o crescimento da emissão dos documentos tem sido maior do que a evolução da frota no estado, o que pode indicar a regularização de motoristas que atuavam sem a preparação necessária ou o interesse em adquirir veículos futuramente.

Neste ano, até o dia 23 de novembro, o Detran-GO, de acordo com os dados contidos na transparência do órgão estadual, registrou um aumento de 3,26% no número de habilitações com relação ao ano passado, quando se tinha 3 milhões de CNHs. No mesmo período, o aumento da frota de veículos é de 3,07%, quando saiu de 4.324.844 e chegou aos atuais 4.457.434. Em 2021, a alta dos documentos considerando a quantidade do ano anterior foi de 4,04%, ante 3,57% do crescimento da frota. No entanto, entre 2018 e 2020, houve maior ampliação do número de veículos do que de pessoas habilitadas no estado.

Para se ter uma ideia, Goiás tem 0,461 CNH por habitante, enquanto que esta relação quanto a frota é de 0,657, o que gera 1,42 veículo para cada documento de habilitação. Em Goiânia, essa relação é de 1,29, sendo que na comparação com a quantidade de habitantes, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), temos 0,685 CNHs e 0,887 veículos. A capital tem 1 milhão de pessoas habilitadas e quase 1,3 milhão de veículos. Na cidade de Santa Rita do Araguaia, localizada na região Sudoeste de Goiás, esse índice chega a 34,48 veículos por cada CNH registrada no local.

O município, que possui cerca de 8 mil habitantes e é caracterizado pela atividade turística em razão do Rio Araguaia e cachoeiras, tem apenas 130 motoristas regulares e uma frota de 4.482 veículos, sendo 1.487 automóveis e 1.896 motos. Como forma de comparação, dos motoristas habilitados, há apenas 73 aptos a conduzir motocicletas e motonetas. Por outro lado, em cinco das 246 cidades goianas o número de CNHs é maior do que a quantidade de veículos. Em Santo Antônio do Descoberto, na região do Entorno do Distrito Federal (DF), há 17.291 motoristas habilitados, mas apenas 12.613 veículos são registrados no município.

O professor do Instituto Federal de Goiás (IFG) e engenheiro de trânsito, Marcos Rothen, acredita que o alto número de veículos com relação às pessoas com CNHs reforça situações típicas em que os condutores estão agindo dentro da irregularidade. “Há informações que, principalmente motociclistas, tem as motos, mas não tem habilitação. Isso acontecia principalmente em cidades do interior onde praticamente não se tem fiscalização, mas isso também vem sendo percebido na Região Metropolitana de Goiânia onde, embora exista alguma fiscalização, ela não é muito efetiva.”

Rothen conta até mesmo a história de uma vizinha que já lhe falou que pilota a sua motocicleta há mais de um ano e ainda não tirou a sua carteira de motorista. “Há algum tempo estive ministrando um curso em Fortaleza (CE) e o chefe local da Polícia Rodoviária me relatou que no interior do Ceará para cada 10 motos tem um motociclista habilitado. Lembrando que não é obrigatório ter carteira de habilitação para comprar um veículo e ainda fica livre dos pontos na carteira em caso de multa”, relata o engenheiro. Ele afirma que há também a alimentação do desejo pelos veículos automotores privados para exercer a mobilidade na cidade, aumentando a sua quantidade nas ruas, o que por outro lado cria mais congestionamentos.


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