A Justiça de Goiás mandou a júri popular o empresário Christiano Mamedio da Silva, de 35 anos, acusado de dirigir bêbado e matar o adolescente Emanuel Felipe Pires Martins, de 15, e o jovem Eurípedes Tomé da Costa Filho, de 26, em Anápolis, a 55 km de Goiânia. Conforme a decisão da 4ª Vara Criminal do Tribunal do Júri e Execução Penal de Anápolis, o julgamento deve acontecer no dia 28 de agosto deste ano.
O acidente aconteceu no dia 3 de outubro de 2020, na Avenida Brasil Sul, no Bairro São João. Christiano dirigia uma caminhonete, quando furou o sinal vermelho em alta velocidade e atingiu um caminhão carregado de tijolos. Desde o dia do acidente, Michelle Pires, mãe de Emanuel, prometeu que o filho não seria só mais uma estatística e luta por justiça.
Eu não aceitava nada. Eu queria estar sóbria para entender quem arrancou o meu filho de mim", disse Michelle Pires, mãe de Emanuel, em vídeo publicado nas redes sociais.
No veículo atingido, havia três pessoas, o motorista, Emanuel e Eurípedes. Os dois últimos foram arremessados para fora do caminhão e não resistiram aos ferimentos. O motorista se machucou e foi socorrido.
Segundo as investigações, o empresário estava voltando de uma festa no momento do acidente. À época, Christiano não aceitou fazer o teste do bafômetro, mas admitiu que havia ingerido álcool antes de dirigir.
O empresário ficou 46 dias preso, mas foi solto e responde em liberdade por duplo homicídio, lesão corporal, por dirigir embriagado e trafegar em velocidade incompatível com a segurança. Em julho de 2022, em uma decisão unânime e histórica, o TJGO determinou que o empresário vá a júri popular.
Michelle disse que a dor da ausência será eterna e nunca saberá como seria o filho, que hoje teria 19 anos, mas a Justiça trará paz para seu coração.
"Enterrar um filho é ser enterrada viva, é ser mãe de um futuro que nunca será. A dor da ausência será eterna. Nós aprendemos a conviver com ela, tem dia que ela fica mais escondida e dia que fica completamente exposta. A justiça trará paz ao meu coração", desabafou Michelle.
Em sua denúncia, o Ministério Público de Goiás (MPGO) disse Christiano "de forma livre e consciente, assumindo o risco de produzir o resultado, na condução de veículo automotor, matou as vítimas". Pela primeira vez, um crime de trânsito que resultou em morte foi reconhecido como doloso em Goiás.
Pela primeira vez o Superior Tribunal de Justiça considerou que o excesso de velocidade e o desrespeito à sinalização, por si só, é anuência ao risco e vinculou isso ao dolo eventual, configurando homicídio doloso. Nem considerou a embriaguez nessa avaliação", disse o delegado Manoel Vanderic, titular da Delegacia de Investigação de Crimes de Trânsito (Dict) de Anápolis, em 2022.