A Defensoria Pública do Estado (DPE) recomendou a suspensão dos cursos de tiros para crianças em todos os clubes esportivos de Goiás. O Clube de Caça e Tiro Hunter, em Jataí, a 322 km de Goiânia, foi alvo de críticas ao publicar fotos de crianças segurando airsoft’s. O órgão também recomenda que as redes sociais intensifiquem o monitoramento de publicações que incentivem a violência.
Na recomendação, a DPE afirma que a prática deve ser suspensa mesmo que os cursos sejam ministrados com armas de pressão ou simulacros. O documento foi publicado no dia 14 de abril e é assinado pelo defensor público-geral Allan Montoni Joos e pela Coordenadora do Grupo de Trabalho de enfrentamento a violência nas escolas Bruna do Nascimento Xavier.
“Recomenda-se que os clubes de tiro esportivo do Estado de Goiás cessem imediatamente qualquer atividade, ainda que com arma de pressão ou simulacros, relacionada à prática por crianças e adolescentes, de modo que a persistência em tais atividades ensejarão as responsabilidades civis e criminais aos envolvidos”, escreve o documento da DPE.
O Clube de Caça e Tiro Hunter cancelou o curso mirim após recomendação do Ministério Público de Goiás (MP-GO). Na ocasião, o órgão ainda determinou que a instituição publicasse por meio das redes sociais o cancelamento do “Projeto Hunter Atirador Mirim” e que não realizasse nenhuma outra atividade de tiro desportivo com crianças e adolescentes menores de 14 anos.
“Reiteramos novamente nosso repúdio a qualquer forma de violência e ódio, especialmente aqueles que ocorrem nas escolas”, escreveram em nota. Além disso, publicaram uma nota de repúdio da Associação Nacional Movimento Pró Armas (AMPA).
“Observa-se que não existe no ordenamento penal brasileiro o crime de ensinar o filho a atirar e/ou frequentar clube de tiro. Repudiamos qualquer tipo de argumentação tendenciosa que induz a sociedade a achar que a prática do airsoft estimula a violência e/ou o ódio”, escreveu o Coordenador e Diretor Jurídica Estadual da AMPA, Julio Cesar Aun da Cunha.
Redes sociais
Além da suspensão dos cursos, a DPE recomenda que as redes sociais criem uma equipe para intensificar o monitoramento e a moderação de publicações que incentivem a prática de violências. “Em especial Discord, Twitter, TikTok, Telegram e WhatsApp devem informar os usuários às autoridades competentes para início de investigação”, descreve a recomendação.
O órgão também recomenda que a imprensa não divulgue nomes, fotos, manifestos e o modus operandi de crimes e ataques em escolas. “A fim de que seja veiculada uma abordagem responsável e evite o efeito contágio”, afirma. Por fim, a DPE destaca que as denúncias de ameaças devem ser feitas apenas nos canais oficiais para evitar informações falsas.