O fim do ano, que normalmente já é marcado por um aumento no preço das carnes, pode aumentar ainda mais em 2023. Ainda que o alto nível de abates de bovinos tenha deixado carne de sobra no mercado interno, analistas acreditam que a proteína tende a subir no varejo até dezembro, mesmo num cenário de ampla oferta. A reabertura do mercado chinês após o fim do embargo animou o setor, que espera bater recorde de exportações e projeta crescimento de cerca de 15% no preço da arroba ainda neste ano.
De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), neste mês de setembro o Brasil deverá encerrar 2023 com uma produção de 11,16 milhões de toneladas equivalente-carcaça de carne bovina. Caso isso aconteça, o número significará um crescimento de 8% em relação a 2022.
O departamento estimou ainda que 45,5 milhões de cabeças serão abatidas no país neste ano, alta de 7%. Com isso, a arroba do boi gordo já chegou a recuar cerca de 30% no acumulado de 2022. O valor da carne no atacado, no entanto, caiu em torno de 18% e no varejo o repasse dabaixa não atingiu10%.
A má remuneração aos pecuaristas também desestimulou o envio de bois para a terminação em sistema intensivo, o que contribui para enxugar um pouco a oferta de gado. O segundo giro de confinamento pode cair de 6% a 10% em algumas regiões do Brasil, até mais. Os custos dos boitéis também continuam muito altos.
Os bois que não vão para confinamento ficam expostos ao período seco das pastagens, a entressafra da pecuária, mais um fator que diminui o abate daqui para frente, disse Alcides Torres, diretor da ScotConsultoria.
Aumento das exportações
Envios ao exterior se tornam ainda mais necessários devido à previsão do Ministério da Agricultura de redução de 3,4% no resultado financeiro neste ano na pecuária. A causa está na queda nos preços das carnes bovina e de frango —terceiro ano seguido de perda de receitas. O resultado financeiro deverá alcançar R$ 362 bilhões no setor.
A receita da carne bovina deve alcançar R$ 141,6 bilhões, 6,4% menos que em 2022, e a da carne de frango deve chegar a R$ 104,4 bilhões (-7%). Já a carne de porco deverá ter alta.
Os pecuaristas projetam que o preço da arroba (15 quilos) —atualmente oscilando entre R$ 270 e R$ 285, dependendo da praça— chegue a algum valor entre R$ 320 e R$ 340 nos próximos meses.
A expectativa é de que o país tenha recorde de exportações neste ano. Dados da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos) mostram que as exportações subiram 42% no ano passado em relação ao ano anterior, com receita total de US$ 13,09 bilhões.