A Polícia Civil em Anápolis instaurou inquérito para investigar o fato ocorrido no Colégio Estadual Plínio Jaime, no Recando do Sol, em Anápolis, após receber denúncia dando conta de que uma coordenadora da escola teria obrigado, como punição, uma aluna a comer um ovo cru. A denúncia foi feita pela mãe da aluna, que tem 11 anos.
No depoimento para a investigação, conduzida pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), a mãe da aluna relatou que a filha teria levado um ovo para brincar com as amigas no intervalo, simulando que o ovo era um bebê. Um dos colegas da aluna viu a brincadeira e chamou a professora.
A mãe relatou que a filha contou ter sido levada para a sala da coordenação e recebido uma advertência. Em seguida, a coordenadora a teria obrigado a comer o ovo.
Ainda segundo a mãe, após ter ido até o colégio para tomar conhecimento do que acontecera, a coordenadora teria confirmado o fato, alegando ter suspeitado que a aluna teria levado o ovo para jogar em alguém e a fez engolir o ovo como punição.
A delegada responsável pela condução do inquérito informou que a coordenadora, e a direção do colégio, serão ouvidos nos próximos dias. Se a investigação confirmar a veracidade dos fatos, a coordenadora poderá ser indiciada por crime de maus tratos.
A Secretaria de Estado da Educação (Seduc), informou em nota que está ciente do fato e que não compactua com esse tipo de violência, e está comprometida com a promoção da cultura da paz nas escolas da rede estadual. A Seduc disse que está acompanhando as investigações e aguardará a manifestação da escola e a conclusão do inquérito, para determinar a adoção de providências administrativas e legais cabíveis.
O DM Anápolis tentou contato com a direção do Colégio Plínio Jaime, mas foi informado que a Diretora e coordenadora não estavam presentes. O espaço permanece aberto e a matéria será alterada, se houver manifestação da direção da escola.
Relembre
O caso aconteceu na última quarta-feira (28). A aluna contou que levou o ovo para a sala de aula para brincar com amigas, para simular um bebê imaginário. Foi aí que um colega viu e chamou a professora.
"Eu tentei explicar o que eu ia fazer, só que a professora não me ouviu. A coordenadora foi lá e falou assim: “Já que você trouxe um ovo é porque você está com fome, então o meu assistente vai pegar um copo e você vai beber ele todinho”. Eu parti o ovo e bebi", contou a aluna.
A menina conta que foi ameaça a assinar uma advertência se não besse o ovo cru. Depois disso, ela voltou para a sala de aula e diz que se sentiu mal.
"Eu fiquei com dor de barriga, com gosto de ovo na boca. Cheguei na sala chorando, tremendo. Aí a professora começou a rir e falou: “Aí é mentira”, desabafou a estudante.
A mãe da menina, Ana Lúcia Santos, foi até a Secretaria de Educação, registrou reclamação e pediu providências.
"Eu quero justiça. Achei que foi um abuso com a milha filha. Tinha quatro pessoas na sala da coordenação e ninguém falou nada. Ela se sentiu humilhada, está traumatizada, constrangida", disparou a mãe.
Nota da Seduc
Em atenção à solicitação de informações sobre o ocorrido no Colégio Estadual Plínio Jaime, do município de Anápolis, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) responde e esclarece:
A Superintendência de Segurança Escolar da Seduc e a Coordenação Regional de Educação de Anápolis tomaram ciência dos fatos e acompanham o desenvolvimento das investigações sobre o ocorrido.
A Seduc aguarda a manifestação da equipe gestora da escola e a apuração dos fatos para a adoção das providências administrativas e legais cabíveis em relação aos profissionais envolvidos.
Ressaltamos ainda que a Secretaria não pactua com esse tipo de violência, estando comprometida com a promoção da cultura da paz nas escolas da rede estadual.
Nota da DPCA de Anápolis
A DPCA-Anápolis instaurou investigação policial a partir do RAI registrado pela genitora de uma aluna da rede pública estadual que noticiou que a criança teria sido obrigada pela coordenadora da escola a engolir um ovo cru, sob alegação de que seria uma medida de disciplina.
A coordenadora teria suspeitado de que a aluna levou o ovo para jogar em alguém e então a fez engoli-lo cru. Conforme a criança, sua intenção ao levar o ovo para a escola era de participar de uma brincadeira com as colegas, em que o ovo fosse um filho imaginário dela.
A coordenadora da escola será intimada e ouvida nos próximos dias. Sua conduta, em tese, configura, inicialmente, o crime de maus tratos, previsto no artigo 136, parágrafo 3. do CPB.