A Enel Distribuição Goiás respondeu, nesta quarta-feira (26), a quatro questões feitas pela Superintendência de Proteção aos Direitos do Consumidor de Goiás (Procon Goiás), em pedido de esclarecimento.
Ao POPULAR, o governador Ronaldo Caiado (UB) reclamou da insuficiência das respostas apresentadas pela empresa, que vendeu a concessão e passa por fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
As questões do Procon são relacionadas a uma denúncia recebida pela superintendência de que a empresa estaria prestando um mau serviço e suspendido o plano de manutenção e obras.
O órgão, então, notificou a companhia a esclarecer por que teria determinado a suspensão do plano de manutenção de obras; para esclarecer quanto a outros serviços suspensos; apresentar um cronograma de execução dos serviços desenvolvidos pela empresa no segundo semestre de 2022; e a apresentar um cronograma de transição da Enel para a Equatorial, empresa que comprou a concessão no mês de setembro.
Na resposta apresentada ao Procon, o diretor-presidente da distribuidora em Goiás, José Nunes de Almeida Neto, afirma que em nenhum momento a empresa desmobilizou operações no estado. “Para se ter uma ideia, a empresa conta, no momento, com até 1.300 equipes atuando em campo nos atendimentos emergenciais, mesmo quantitativo que tinha disponível no ano passado”, diz.
Segundo ele, com a chegada das chuvas, a empresa prioriza atividades emergenciais em campo, “para promover o rápido restabelecimento de energia no caso de interrupções”. No documento, o diretor-presidente também descreve ações realizadas pela empresa com foco em ações emergenciais devido às chuvas.
A empresa, no entanto, não apresentou o cronograma de transição para a Equatorial. Mas afirmou que o pedido formulado junto à Aneel abrange a aprovação de um plano de transferência de controle da companhia.
Caiado esteve reunido nesta quarta com o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, em Brasília, para tratar da energia em Goiás. Ele voltou a criticar o serviço da Enel, mas ressaltou que quem está cuidando da fiscalização é a Aneel e não o ministério. O POPULAR mostrou que a agência já está com dois fiscais para acompanhar o serviço da empresa no estado.
O governador disse que falou com o presidente do Procon, Levy Rafael Cornélio, e teve acesso às resposta da Enel à notificação. Caiado avalia como insuficientes os argumentos apresentados.
“É um desrespeito completo, eles simplesmente não respondem o que foi perguntado. É algo de uma irresponsabilidade fora do comum, como se eles fossem acima da lei, imunes às regras, que o contrato para eles não tem a menor relevância, eles fazem o que querem”, disse ao POPULAR.
A notificação determinava que se a Enel não respondesse estaria sujeita a sanções. Diante do que considerou uma resposta insatisfatória, Caiado defende que as providências tomadas pelo Procon sejam “as mais enérgicas possíveis”.
Queixas
O Procon já registrou em 2022, 1.405 reclamações contra a Enel. Aline Gracielle Santos, dona de um açougue na Vila Pedroso, conta que ficou sem energia de domingo (23) até a tarde de terça-feira (25) e, com isso, perdeu 700 kg de carnes. “Só por volta de 13h30, 14 horas que a energia voltou, mas eu já tinha perdido tudo, não tinha mais o que salvar”, relata.
Na mesma região, Fátima Silva, que mora na Vila Morais, ficou 50 horas sem energia e também só teve o serviço restabelecido na terça.
Em nota, a Enel afirma que o número de queixas corresponde a menos de 0,05% de seus clientes. Além disso, a empresa explica que a situação da Vila Morais envolveu a queda de cinco árvores na região. “A empresa aumentou o número de equipes em campo, para concluir os reparos necessários, e na manhã de terça (25) mais de 99% dos clientes impactados já estavam com o serviço normalizado.”