O número de mortos pelos estragos provocados pelas chuvas no Grande Recife entre quarta (25) e este domingo (29) subiu para 84, segundo dados atualizados divulgados pelo governo de Pernambuco.
Outras 56 pessoas estão desaparecidas. Há doze pontos de deslizamentos, nos quais os bombeiros realizam as buscas. Os dados são da Central de Operações e do Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICCR) do estado.
Até o sábado (28), os dados oficiais indicavam 35 óbitos. Dado o grande número de desaparecidos, o número ainda pode subir mais.
Também há registro de 3.957 desabrigados, sobretudo nos municípios da região metropolitana do Recife e na Zona da Mata, e 533 desalojados.
O impacto causado pelas chuvas levou nove municípios a decretarem situação de emergência: Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, São José da Coroa Grande, Moreno, Nazaré da Mata, Macaparana, Cabo de Santo Agostinho e São Vicente Ferrer.
Mais cedo, o ministro do Desenvolvimento Regional, Daniel Ferreira, deu uma entrevista coletiva na capital pernambucana na qual confirmou as 56 pessoas desaparecidas, além de 25 feridas.
“Mesmo o governo do estado e o município tendo as Defesas Civis muito bem estruturadas, são Defesas Civis reconhecidas nacionalmente, uma chuva dessa magnitude causa estragos em qualquer município do Brasil”, disse Ferreira.
Ele disse que as equipes permanecerão na região enquanto for necessário e que a população deve manter as medidas protetivas, já que há previsão de chuva para os próximos dias também.
O presidente Jair Bolsonaro (PL), em rede social, disse que o governo disponibilizou todos os meios para socorrer as famílias atingidas e que nesta segunda-feira (30) de manhã estará no Recife.
O ministro foi à capital pernambucana para se reunir com defesas civis locais e estava acompanhado dos ministros Marcelo Queiroga (Saúde), Carlos Brito (Turismo) e Ronaldo Bento (Cidadania).
O grupo sobrevoou as áreas mais atingidas, como o Jardim Monte Verde, no bairro do Ibura, zona sul da capital, onde 20 pessoas morreram num deslizamento de terra.
A Prefeitura do Recife pediu para 32 mil famílias que vivem em áreas de risco deixarem suas casas e buscarem os abrigos municipais ou irem para residências de amigos ou familiares.
Muitas, porém, estão isoladas e não conseguem deixar suas casas ou não têm para onde ir.
Só entre as 23h desta sexta (27) e as 11h deste sábado foram registradas chuvas que chegaram a 236 milímetros em alguns pontos da capital pernambucana, de acordo com a Defesa Civil. Isso equivale a mais de 70% do previsto para todo o mês de maio na cidade, que é de 328,9 milímetros.
As buscas foram retomadas neste domingo e envolvem equipes do Exército, do Corpo de Bombeiros, das prefeituras e do governo do estado, além de voluntários. A primeira das 84 mortes foi registrada na quarta-feira.
Bombeiros recebem mais de 46 mil pedidos de ajuda
Mais de 46 mil chamados para o número 193, telefone de emergência do Corpo de Bombeiros, foram realizados da sexta-feira (27) até a tarde deste domingo no estado de Pernambuco. O alto volume de solicitações é resultado das chuvas que atingem a capital, a Região Metropolitana e a Zona da Mata do estado nos últimos dias.
Além do auxílio de militares do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais e da Paraíba, outros 92 bombeiros que estavam terminando o curso de capacitação para entrar na corporação tiveram formatura adiantada e começaram a prestar apoio nos resgates hoje.
Equipes do Instituto Médico Legal também foram reforçadas para “maior eficiência nas remoções e perícias” em áreas atingidas.
Ainda assim, alguns moradores de áreas onde deslizamentos foram registrados protestaram contra a demora no atendimento das vítimas soterradas.
Nesta tarde, os dois sentidos do km 11 da BR-232, em Jaboatão dos Guararapes, foram bloqueados por moradores da comunidade Bola de Ouro, que pediam a presença do Corpo de Bombeiros para auxiliar nas buscas de pessoas que estariam sob os escombros.