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Nelto e Gayer trocam acusações em debate quente e histórico no Papo de Garagem.


Parlamentares repetem ofensas em discussão acalorada e mencionam tragédia. Nelto deu beijo em participante da mesa enquanto acusava Gayer de racismo.

Os deputados federais José Nelto (PP) e Gustavo Gayer (PL) debateram durante mais de 2 horas nesta segunda-feira (3), numa edição histórica do podcast Papo de Garagem. José Nelto insistiu em insultos como ‘lacrador’ e ‘extremista’ e acusou o colega de Câmara de dirigir alcoolizado num acidente que terminou com a morte de três pessoas, em 2005.

Nelto e Gayer trocam acusações em debate quente e histórico no Papo de Garagem.

Gayer, por sua vez, classificou Nelto como um representante da ‘velha política com botox’ e lembrou a condenação do colega em um processo eleitoral que apurou compra de votos. O deputado bolsonarista ainda acusou seu oponente de agredir verbalmente seguidoras de suas rede sociais. O parlamentar prometeu publicar prints em suas redes sociais das ofensas praticadas.

Os dois primeiros blocos renderam vários ataques e alcunhas. Gayer foi chamado de ‘tchutchuca do Valdemar’, em referência ao presidente do PL, partido de Gayer, Valdemar da Costa Neto. Nelto apontou incoerência do posicionamento do adversário, que se posicionou contra a ‘velha política’, se filiar ao partido comandado por uma figura conhecida do Centrão.

Nelto e Gayer trocam acusações em debate quente e histórico no Papo de Garagem.

Nelto ainda insinuou que Gayer cometeu crime de caixa 2 durante sua campanha, depois de o deputado do PL afirmar que não usou dinheiro do fundo eleitoral. “Pode destilar seu veneno, suas fake news”, respondeu Gayer.  

Em seguida, o pepista disse que Gayer “recebeu milhões com a morte de pessoas na pandemia”, citando um levantamento de que o deputado do PL foi um dos maiores propagadores de desinformação durante o período mais grave da Covid-19 no Brasil.

Lula x Bolsonaro

Em um dos momentos de confronto de ideias, os deputados mostraram visões divergentes sobre o governo Lula. Nelto afirmou que houve redução da inflação e comparou a gestão petista com o governo de Jair Bolsonaro. “O Paulo Guedes foi o pior ministro (da Economia), o ministro dos ricos. Deixou a taxa Selic em R$ 13,75, o combustível alto. É um governo que você defendeu”, disse. Gayer, por sua vez, afirmou que a inflação subiu e convidou os internautas a apurarem este fato com uma simples busca no Google.

Sobraram acusações de José Nelto ainda sobre o posicionamento de Gayer em relação ao 8 de janeiro. “Você é de extrema direita. Eu não apoio golpistas. Tentaram explodir o Aeroporto de Brasília. Nós temos que respeitar a democracia, a escolha do povo brasileiro.”

Gayer retrucou e chamou de diz haver censura a opiniões diferentes por parte do governo Lula. “O Brasil está hoje numa ditadura. Se for contrário ao que pensam, é perseguido e destruído”, definiu.

Ele ainda classificou a versão de Nelto sobre o 8 de janeiro como “ignóbil e juvenil”. “Senhoras e crianças estavam lá. O que aconteceu foi um crime, a depredação. Esse governo fabricou aquele movimento, fabricou aquele dia. Por isso fez questão de comprar os deputados pra retirar o nome da CPMI”, completou Gayer.

Ataques predominam

Os ataques voltaram com força nos dois últimos blocos. No fim de um deles, Nelto usou a associação com o botox e disse: “Eu uso botox, mas não uso drogas”. Em seguida, lembrou de um caso em que Gayer foi encontrado na direção de um veículo com maconha, em Goianápolis.  

O bolsonarista admitiu que, quando jovem, era usuário de maconha e justificou: “Em 2005, quando tinha 25 anos, meu carro foi parado pela polícia e acharam uma bituca de maconha no meu carro. O cara do meu lado jogou no carro. Fui de esquerda, usava maconha”, disse.

Em seguida, Gayer não deixou barato e mostrou um print no qual Nelto usou uma palavra de baixo calão para responder uma internauta que o questionou sobre o posicionamento dele na CPMI dos Atos Golpistas. “O senhor xinga mulheres nas redes sociais”, disse.

Nelto trouxe à tona também um acidente no qual Gayer esteve envolvido. Ele era motorista e, segundo o pepista, estava embriagado. “O senhor estava sob efeito de álcool. MPGO tem. O senhor parou ao lado de uma senhora e a chamou pra um racha”.

“O senhor tem provas?”, questionou o bolsonarista. “É o Ministério Público que diz”, respondeu Nelto. “O Ministério Público acusa e eu não fui acusado”, disse Gayer. “A política é podre e as pessoas usam sua tragédia para tentar te atacar. Falta de humanidade.  Até hoje acho que eu deveria ter morrido e ele não. A parte triste é usar isso contra mim”, completou.

Beijo e processo

Na reta final, o deputado Zé Nelto lembrou das declarações de Gayer na semana passada, avaliada como racistas, e beijou o jornalista Michael Felix, um dos integrantes da mesa. O bolsonarista o acusou de usar uma pessoa para ‘uma plataforma’. “Agiu de uma forma podre e nem percebe”, definiu Gayer.

Gayer ainda disse que sua fala foi distorcida. “Eu disse que quanto mais burro, mais fácil pra ditadura se manter no poder. A imprensa cortou a parte que falei da miséria e subnutrição. Em momento algum, a cor da pele foi mencionada. Mas você usa uma pessoa pela cor da pele. É deprimente”, finalizou.

O deputado do PL ainda entregou nas mãos de Nelto um processo pelas declarações na edição anterior de Papo de Garagem, quando o pepista chamou Gayer de nazista e fascista. A edição desta segunda-feira do podcast está disponível na íntegra no YouTube.


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