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Empresário é condenado por golpe milionário em Anápolis.


Preso no começo de abril acusado de aplicar um golpe milionário em dezenas de vítimas em Anápolis por meio de promessas de retorno financeiro com apostas esportivas on-line, o empresário Henrique Saccomori Ramos, de 29 anos, foi condenado pela Justiça a 7 anos e meio de prisão, em regime semiaberto, relativo ao crime de estelionato contra cinco vítimas. Apesar de não haver um número certo de vítimas nem de valores envolvidos, a Polícia Civil chegou a dizer que Henrique teria conseguido mais de R$ 50 milhões com o golpe.

 

Ao todo há 58 processos na Justiça contra Henrique desde que o golpe foi denunciado pelas vítimas e ele foi preso tentando fugir para o exterior no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), no dia 2 de abril. Muitos destes processos são coletivos e na esfera cível, e a maioria foi protocolada pelas próprias vítimas. O caso que gerou a condenação foi impetrado pela Polícia Civil após a abertura do inquérito criminal pelo qual o empresário está preso há quase 5 meses.

A decisão da juíza Marcella Caetano da Costa, da 5ª Vara Criminal, é de 25 de agosto e envolve cinco vítimas que teriam deixado com Henrique em torno de R$ 1 milhão. Um dia antes, o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) ofereceu uma nova denúncia. Este novo processo teve como origem outro inquérito policial pelo mesmo golpe, envolvendo mais seis vítimas que, juntas, alegam ter perdido cerca de R$ 4 milhões com Henrique.

O caso veio à tona no dia 30 de março, quando as vítimas receberam um áudio do empresário informando que perdeu nas apostas on-line 99,88% dos valores depositado por eles. Depois, mandou uma mensagem informando que fora, na verdade, sequestrado por uma quadrilha internacional que roubou todos os recursos. Por fim, passou a dizer, segundo a Justiça, que havia sido vítima de um golpe pela própria plataforma onde supostamente fazia as apostas.

Henrique se colocava como um exímio jogador de apostas esportivas on-line e prometia retorno financeiro semanal de 2% do dinheiro investido. Também dizia estar entre os dez melhores do site de apostas citado no golpe e que há três anos só tinha lucros, sem perdas. As denúncias apontam que entre as vítimas estavam também pessoas bastante próximas dele e de sua então esposa.

“É possível extrair de todos os depoimentos prestados em juízo, tanto pelas vítimas quanto pelos informantes, que o acusado, mediante artifício ardil, com o intuito de obter vantagem para si, induziu amigos, conhecidos e terceiros a transferirem para sua empresa valores que supostamente seriam investidos em apostas esportivas a fim de terem lucros astronômicos”, afirmou a magistrada.

Empresário é condenado por golpe milionário em Anápolis.


Ao ser interrogado na Justiça, o empresário negou que tenha dado um golpe e que fazia, sim, as apostas on-line, entretanto argumentou que evitava dar as notícias ruins quando aconteciam para os investidores com medo de haver uma evasão de recursos. Também afirmou que ao perder tudo em apostas pensou em se matar, que foi orientado a deixar o País e que iria para Roma tentar recuperar os recursos perdidos.

Chamou a atenção da juíza o fato de, apesar de Henrique ter dito que era possível resgatar o histórico de apostas no site, a defesa dele não ter feito isso e incluído no processo para comprovar que as mesmas foram realmente feitas. Para a Polícia Civil, o empresário se apropriava do dinheiro para gastos pessoas e ostentava riqueza.

Em um relatório feito pelos agentes do Grupo Especial de Investigação de Crimes Patrimoniais (Gepatri) incluído no inquérito, divulgado pelo POPULAR em maio, é informado que o casal tinha “uma vida de ostentação, regada a viagens nacionais e internacionais, realizadas praticamente durante todo o ano, compras de artigos de altíssimo padrão para a residência de ambos, construção de um espaço de convivência em um bairro nobre da cidade, compra de veículos para familiares”.

Em sua sentença, Marcella afirmou que o empresário praticou o golpe conhecido como pirâmide. “É possível constatar inconsistências nas afirmações feitas pelo denunciado, o qual destacou que não praticou esquema de “pirâmide”, contudo, resta vidente que a conduta praticada pelo réu se amolda à definição supramencionada, Verifico ser incabível a atenuante de confissão espontânea, tendo em vista que o denunciado negou a prática de qualquer conduta ilícita”, escreveu.

Para cada caso, Henrique foi condenado a um ano e meio por estelionato, sendo que a soma das sentenças deu sete anos e meio no semiaberto. Ele também foi condenado a indenizar em no mínimo R$ 5 mil cada uma das vítimas. Pesou na hora do cálculo da pena, o fato de o empresário ter simulado sequestro, “tendo, inclusive, criado um e-mail e remetido para ele mesmo para justificar sua ida para Roma”.

A defesa de Henrique pediu pela absolvição por ausência de dolo, reconhecimento da confissão espontânea e substituição da pena privativa por medidas restritivas, mas a Justiça não acatou os pedidos principalmente porque ele não admitiu o crime na suposta confissão.

O empresário segue preso porque há contra ele pelo menos mais uma prisão preventiva concedida pela Justiça em outro processo. A reportagem não conseguiu contato com a defesa dele.

A mulher de Henrique chegou a ser detida com ele no dia 2 em Guarulhos, mas foi solta no dia 20 e, segundo a Polícia Civil, foi constatado que ela não tinha envolvimento nos golpes aplicados.


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