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Dono de bar é indiciado por injúria racial ao questionar se estudante negra tinha raposa no cabelo.


"Ele me disse: 'Vim conferir para ver se era gente mesmo ou uma raposa na sua cabeça''. Depois, começou a gargalhar”, relatou a jovem.

O advogado Rogério Leal, que defende Francisco Chagas no processo, disse que o Seu Chaguinha, de 74 anos, como é conhecido, não teve intenção de injuriar a estudante. "Ele é muito brincalhão. Inclusive, ele quer pedir perdão para ela por causa da brincadeira de mal gosto", disse Leal.

A estudante estava na unidade do bairro Jardim América com a irmã e uma amiga, quando o dono do comércio chegou à mesa, a ofendeu e começou a gargalhar, segundo Sarah. O constrangimento aconteceu em 31 de outubro do ano passado.

"Só queria ter aproveitado fora de casa uma noite com minha irmã e uma amiga que não via há anos. Eu não vou prender o meu cabelo ou tentar me embranquecer", desabafou a estudante numa rede social.


O delegado Manoel Borges de Oliveira ouviu a estudante, a irmã dela e a amiga, que confirmaram o comentário constrangedor. Já o Seu Chaguinha usou o direito de ficar em silêncio durante o depoimento.

"Feito isso, com as provas colhidas para inferir que, de fato, o proprietário cometeu o crime de injúria racial, fiz o indiciamento. A irmã da estudante mora no Pará e tive de pegar o depoimento dela por meio de carta precatória, o que era indispensável para a investigação", informou o delegado.

Relato à polícia
Sarah Ferreira registrou uma ocorrência online na 7ª Delegacia de Polícia Civil de Goiânia. Segundo o documento, as ofensas foram acompanhadas de muitos risos e deboche pelo dono e por outro cliente do bar. Constrangida, a jovem pediu a conta para ir embora.

"Estranhando a rapidez do pedido, pessoas que ali laboram perguntaram se havia ocorrido algo, e, ao ouvirem o relato, disseram não ser a primeira vez que uma situação dessa natureza acontecia no local", diz trecho do boletim de ocorrência.


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