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Clube ensina crianças a atirar em meio a ataques em escolas.


O Clube de Caça e Tiro Hunter, em Jataí, no Sudoeste de Goiás, tem sido alvo de críticas após a publicação de fotos de crianças em um curso de manuseio de airsoft, tipo de arma de pressão. Conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Roberto Uchôa aponta preocupação para a prática com o público infantil, especialmente no atual cenário de ataques a escolas.

O chamado “Projeto Hunter Atirador Mirim” foi ministrado na unidade no dia 1º de abril. Nas redes sociais do clube foram publicadas imagens de ao menos 15 crianças, aparentemente com idade média de sete anos, empunhando as armas de airsoft. Em uma das fotos, é possível ver os menores com um certificado de conclusão do curso. No site da instituição consta ainda que no dia 14 de fevereiro foi realizada a 1ª Competição Infantil de Airsoft.

Por lei, o uso da arma de airsoft é permitido para a prática de tiro desportivo, e a venda pode ser feita legalmente a maiores de 18 anos. A Portaria nº 02/2010, do Comando Logístico do Exército Brasileiro, define o airsoft como um tipo de arma de pressão. No documento, consta ainda que as armas do tipo devem apresentar “marcação na extremidade do cano na cor laranja fluorescente ou vermelho vivo”. Isso porque, visualmente, o objeto é similar a uma arma de fogo e a marcação visa distinguir os armamentos.

O conselheiro Roberto Uchôa aponta que é a primeira vez que vê um curso do tipo voltado ao público infantil. No entendimento dele, a prática é “preocupante” e “assustadora” porque é uma forma de ensinar as “crianças a mexerem em arma de fogo. Pode ser arma de airsoft, mas simula arma de fogo. Está ensinando a criança a mirar, a municiar, a atirar”. Ele destaca também a semelhança física e de utilização entre os objetos. “O funcionamento fica muito parecido”, explica.

A preocupação, segundo Uchôa, aumenta ainda mais no cenário vivenciado nas últimas semanas, com a crescente no número de ataques a instituições de ensino. “No atual cenário que a gente vive de ataques a escolas, de medo, fico receoso da gente estar ensinando crianças a manusearem arma”, diz.

Léder Pinheiro, proprietário de um clube de tiro em Goiânia com o próprio nome, conta que também nunca viu curso semelhante voltado ao público infantil. Segundo ele, não é vedada a frequentação de crianças nas unidades, mesmo o uso de arma de fogo sendo permitido apenas por maiores de 18 anos dentro dos clubes, e também não há regulamentação de local para a prática com uso de airsoft.

“O airsoft dentro do clube de tiro tem a mesma exigência de cuidado como uma arma de fogo. O uso é mais seguro (no clube) que dentro de casa”, diz. Para ele, a prática não seria tão preocupante, pois “as pessoas que frequentam clube de tiro tem conscientização muito grande. Pela quantidade de regras e exigências as crianças passam a ser mais comportadas”.

O POPULAR entrou em contato com o Clube Hunter e o proprietário da unidade, Rafael Castro, alegou que a prática é legal e que já foram feitas outras atividades semelhantes com crianças. Em seguida, disse que nota de esclarecimento foi divulgada nas redes sociais. Publicada nesta quarta-feira (12), a nota explica que foi feito “evento recreativo para crianças e adolescentes, onde os pais dos menores fizeram as respectivas inscrições de seus filhos, bem como assinaram termo de autorização”.

A nota aponta ainda que “a intenção do evento foi ensinar o manuseio do airsoft, sobretudo para demonstrar que mesmo a arma de brinquedo tem as suas regras de utilização que devem ser respeitadas” e que “a legislação brasileira não faz nenhuma vedação para o curso que foi ministrado”.


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