Após 10 anos e 4 meses da morte de Valério Luiz e quatro adiamentos do júri popular, os cinco acusados de envolvimento no assassinato do jornalista são julgados nesta segunda-feira (7), em Goiânia. O júri será presidido pelo juiz Lourival Machado e está previsto para iniciar às 8h30, no plenário do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), no Setor Oeste, em Goiânia.
A previsão é que o julgamento dure três dias. Após a abertura da sessão, caso não ocorram imprevistos, os dois primeiros dias devem ser voltados para depoimento das vinte e quatro testemunhas e interrogatório dos cinco acusados. O terceiro dia deve ser reservado para debates, com previsão de duração de 9 horas.
Réus
O jornalista foi morto com seis tiros, no dia 5 de julho de 2012, quando saía de uma rádio em que trabalhava, no Setor Serrinha, em Goiânia. As investigações da Polícia Civil de Goiás (PC) apontam o empresário Maurício Sampaio, ex-vice-presidente do Atlético Clube Goianiense, como mandante do crime. Ele chegou a ficar preso por 94 dias, mas aguarda o julgamento em liberdade. Ademá Figueredo Aguiar Filho, cabo da Polícia Militar (PM), é acusado de executar Valério.
Marcus Vinícius Pereira Xavier, Urbano de Carvalho Malta e o sargento da PM Djalma Gomes da Silva são acusados de articular o homicídio. Segundo a polícia, Marcus Vinícius foi responsável por oferecer moto, capacete, camiseta e arma utilizados por Ademá no crime. Urbano de Carvalho é apontado pela investigação como braço direito de Maurício Sampaio na articulação da execução.
O motivo do assassinato teria sido comentários de Valério contra a diretoria e jogadores do Atlético-GO. Em uma de suas declarações, o radialista teria dito que “quando o barco está afundando, os ratos são os primeiros a pular”, possivelmente se referindo a Maurício Sampaio, que teria renunciado à presidência do clube após uma má campanha do time. Em outras ocasiões, o jornalista teria reclamado de jogadores indisciplinados e uma possível compra de resultado em uma partida.
Adiamentos
A primeira data definida para o julgamento foi 23 de junho de 2020, mas foi suspenso por conta da pandemia de Covid-19, já que o júri popular reúne grande número de pessoas. Com nova data definida para 14 de março deste ano, o júri sofreu o segundo adiamento, pelo mesmo magistrado, depois que o advogado Ney Moura Teles, que defendia Maurício Sampaio, deixou o caso às vésperas da sessão.
O prazo foi solicitado pelo advogado substituto Thales Jayme, que também defende Ademá Figueiredo. A nova data foi definida para 2 de maio, mas o júri foi adiado pela terceira vez depois que a defesa de Sampaio abandonou o plenário, alegando suposta suspeição do juiz e dos promotores que atuam no caso. O júri foi novamente agendado para 13 de junho e chegou a ser iniciado neste dia.
No segundo dia, o júri sofreu o quarto adiamento depois que um dos jurados quebrou o isolamento após passar mal e deixar o hotel em que estava, na noite anterior. De acordo com as regras, os jurados devem permanecer incomunicáveis ao longo do julgamento.
Após o último adiamento, a nova data para o júri era 5 de dezembro, mas o juiz Lourival Machado adiantou este 7 de novembro porque algumas das testemunhas trabalham com jornalismo esportivo e estarão comprometidas com a Copa do Mundo, entre 21 de novembro e 18 de dezembro.