A estudante de odontologia Brenda Campos foi uma das sobreviventes de um grave acidente que envolveu 18 veículos, na BR-414, em Anápolis, a 55 km de Goiânia. A jovem recebe o carinho da família e amigos em casa, enquanto ainda se recupera de fraturas na lombar, costela e braço esquerdo. A mãe da estudante, Meire Ribeiro Campos, afirma que o fato da filha estar viva é um milagre.
“Quando cheguei e tivemos que ir lá ver o carro, recolher os pertences dela e vi a situação do carro, me joguei no chão, ajoelhei e agradeci. Ali eu tive plena consciência que minha filha foi um milagre”, afirma.
O acidente aconteceu na manhã do dia 25 de setembro, em uma pista simples da BR-414, em que o trecho está em obras e utiliza o sistema "pare e siga". Um caminhão que descia a rodovia não conseguiu frear a tempo, batendo nos veículos que estavam parados na pista, causando o engavetamento entre os carros.
Brenda era uma das motoristas que estava parada na rodovia, aguardando a pista ser liberada para seguir viagem, quando a carreta desgovernada atingiu o carro dela e outros 17 veículos.
“Do nada tudo apagou. Não lembro de buzinas, barulhos, nada, simplesmente tudo apagou. Quando acordei estava tudo destruído, meu carro todo amassado, braço deslocado, muita gritaria”, lembra a jovem.
Para resgatar Brenda, foi necessário cortar o teto do carro e mover o banco de passageiros. A estudante lembra de ver muitos cacos de vidro espalhados e diz que até se machucou com eles, mas que essa era a única forma de sair viva do local.
“Quando cheguei no hospital achei que iam falar que ia ficar internada meses, porque na situação que eu estava ali achei que tinha quebrado coisa demais”, afirma.
Outras vítimas
Além da Brenda, dez pessoas ficaram feridas e quatro morreram no engavetamento: Maria Flor Martins de Oliveira, de 6 anos; Hermes Avelino Fraga Farias, 65 anos; Lucivânia Marcelino de Carvalho Miranda, 48 anos e o marido Valdeni Tiburcio de Miranda, 52 anos.
Os irmãos Luís Augusto e Davi Lucas, de 5 meses e 3 anos, respectivamente, estavam no carro dos avós maternos Lucivânia e Valdeni. O veículo ficou completamente destruído com a batida. As duas crianças conseguiram sobreviver, mas os avós morreram com o impacto.
Um homem que trabalhava na obra na rodovia foi quem resgatou o pequeno Luis Augusto, de 5 meses. Um vídeo mostra o momento do resgate
A mãe das crianças e filha do casal que morreu afirma que, desde que o acidente aconteceu, vive uma mistura de sentimentos. Lorena de Carvalho Miranda Rodrigues diz que se sente grata pela vida dos filhos, mas ao mesmo tempo, ainda não consegue acreditar na morte dos pais.
"Pra mim o meu pai e minha mãe vão chegar aqui em casa a qualquer momento, porque eles estavam vindo aqui pra casa. Então, na minha cabeça, eles estão no meio do caminho e vão chegar, mas eu sei que eles não vão chegar”, lamenta.
Luís Augusto não teve nenhum arranhão com o acidente. O irmão dele, que ficou preso às ferragens, ainda tem um pouco de dificuldade para caminhar, devido à uma luxação na bacia.
O acidente
Peritos da Polícia Técnico Científica voltaram ao local do engavetamento para apurar o que causou o acidente. Os veículos envolvidos passaram por análise, entre eles o bitrem que estava carregado com calcário.
Segundo a perícia, o tacógrafo do bitrem apontou que o veículo estava a mais de 120 km/hora, em um trecho onde a velocidade permitida é 80 km/hora. O motorista alegou que faltou freio.