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Estrelas cadentes devem cruzar céu de Goiás durante feriado.


Se você está procurando o que fazer no feriado de Tiradentes - 21 de abril -, uma boa dica é olhar para o céu. Na madrugada da sexta-feira (22) irá ocorrer um dos fenômenos mais aguardados da astronomia, a chuva de meteoros Líridas que poderá ser vista na América do Sul. Em Goiás, a expectativa é que o espetáculo possa ser conferido a olho nu de qualquer parte do território goiano, com maior visibilidade em áreas distantes das luzes urbanas, de poluição ou de qualquer equipamento com iluminação artificial.

Esta é uma das 12 chuvas de meteoros previstas para 2022. A primeira ocorreu no dia 3 de janeiro, mas outras são esperadas até dezembro. A Líridas - se origina ao lado da constelação Lira -, que é anual e na mesma época, é considerada uma chuva mediana, produzindo de 15 meteoros por hora, podendo chegar a 20 em seu pico. Ela é originada nos resquícios deixados pelo cometa Thatcher (C/1861 G1), que passou pelo sistema solar em 1861 e só deve retornar em 2276. Anualmente os dejetos voam pelo céu deixando um rastro de brilho, as conhecidas estrelas cadentes.

Ary Martins Magalhães Júnior, diretor da instituição astronômica Plêiades do Sul, que é vinculada à Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon), disse ao POPULAR que o assunto vem despertando bastante interesse. Segundo ele, a chuva Líridas pode ser vista de qualquer ponto de Goiás. “Principalmente se tiver uma visão melhor, sem muita edificação, morros que possam dificultar a observação do céu mais próximo ao horizonte.” O astrônomo amador lembra que na América do Sul a visão não é tão privilegiada em comparação a quem está no hemisfério norte, mas não impede a observação.

Daniel Basile, o músico apaixonado por astronomia, que integra a Plêiades do sul, fugiu para o interior da Bahia. “Vou para uma fazenda para ficar de olho no céu”, contou. Ele registrou o meteoro que passou por Goiânia no dia 22 de julho de 2020 e ajudou a namorada Sarah Lauck, que também está ligada ao que acontece no espaço, a registrar o último, que foi visto por moradores de várias cidades goianas, no dia 9 deste mês (leia mais sobre o assunto nesta página).

“Quanto menor a poluição luminosa, melhor”, avisa Daniel. Segundo ele, o melhor horário para conferir a chuva de meteoros é da meia-noite até às 4 horas do dia 22. Fogueiras, luzes de celulares e outras fontes de iluminação devem ser evitadas para não ofuscar a visão. Ary Martins, diretor da Plêiades do Sul, acredita que das 2h30 até o amanhecer o céu estará muito favorável para observação, em pontos mais escuros. “Isso porque o radiante da constelação de Lira estará mais alto no céu. Antes disso, estará na linha do horizonte.”

Ary Martins explica que ninguém deve esperar literalmente uma “chuva” de estrelas cadentes. “O que ocorre é um volume maior de meteoros por hora, o que já é fantástico. Se um meteoro impacta, imagine vários numa madrugada? É um evento interessante de todo jeito, é uma experiência transformadora.” O astrônomo amador ressalta que, quanto mais perto do amanhecer, há um volume maior de meteoros. “Isso tem a ver com o movimento da Terra em torno do Sol”. E, quanto mais tempo de observação, maior a chance de ver outros meteoros que não estejam vinculados à chuva Líridas.

Outras dez chuvas de meteoros expressivas estão sendo aguardadas pelos astrônomos em 2022. As próximas, com visibilidade privilegiada no hemisfério sul, são as Eta Aquáridas (4 e 5 de maio) e Delta Aquáridas do Sul (29 e 30 de julho). “Essas têm a particularidade de serem mais bem observadas no Brasil.”

A Plêiades do Sul fará uma astro vigília para observar a chuva de meteoros Líridas. Mais detalhes podem ser conferidos no Instagram da instituição: @pleiadesdosul

 

Bramon faz imagem preliminar da trajetória do meteoro visto em GO

A Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon) continua investigando a trajetória e possível queda do asteroide que cruzou os céus de Goiás no dia 9 deste mês. O meteoro, de brilho intenso, foi visto por moradores de vários municípios do estado e seu clarão foi registrado por algumas estações. A Bramon estima que o meteoro, de mais de um metro de comprimento, tinha uma velocidade em torno de 16 a 40 km por segundo quando foi observado.

Sérgio Mazzi, que preside a Bramon, uma rede colaborativa que contribui com a ciência, disse ao POPULAR que o astrofotógrafo paraibano Marcelo Zurita, principal responsável pela trajetória de um dos mais importantes meteoritos dos últimos tempos para os pesquisadores, o Aguas Zarcas, que caiu na Costa Rica em 2019, fez uma imagem preliminar do meteoro goiano. A imagem, elaborada a partir dos registros encaminhados à Bramon, entre eles o de uma câmera de segurança, ainda será refinada.

Embora o clarão tenha sido detectado por 15 estações que integram a rede da Bramon, o tempo estava nublado no Planalto Central, o que tem prejudicado o trabalho. Ary Martins, da Plêiades do Sul, não acredita que serão encontrados fragmentos que, quando tocam o solo, passam a ser chamados de meteoritos. “É difícil encontrar porque esse meteoro teve uma trajetória rasante. Se produziu meteorito, foi numa área de grande dispersão e com vegetação.” Inicialmente a Bramon estimou que o meteoro pesava um pouco mais de um quilo.


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