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Número de eleitores com menos de 18 anos cresce 91% em Goiás.


Apesar da variação total do eleitorado goiano estar dentro da normalidade, o aumento da quantidade de pessoas que vão usar o nome social e de eleitores com menos de 18 anos chama a atenção, quando se observam os números do perfil dos que vão votar em Goiás neste ano. Os dados foram coletados pelo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO), a pedido do POPULAR, até o dia 15 de junho. Os números consolidados só devem ser divulgados no mês que vem.

Goiás conta com 4,8 milhões de eleitores em 2022. Aproximadamente 9% a mais que o eleitorado em 2018. O aumento é considerado dentro do esperado por especialistas, porque acompanha o crescimento populacional. Por outro lado, a quantidade de pessoas com menos de 18 anos que fizeram o título de eleitor, mesmo que o voto seja apenas facultativo para jovens com 16 e 17 anos de idade, subiu 91,7% de uma eleição geral para a outra.

Em 2018, eram 44.061 eleitores dessa faixa etária. Em 2022, a quantidade subiu para 84.490. Quase o dobro. Para o cientista político Guilherme Carvalho, os jovens foram levados ao recrutamento eleitoral devido a influências nas mídias digitais. “Isso foi forte em 2018, mas se intensifica em 2022. Os influencers se tornaram cabos eleitorais muito poderosos”, diz.

Ele avalia também que o cenário de polarização política, especialmente na disputa presidencial entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), colaborou para esse maior engajamento jovem. Carvalho, porém, alerta que o recrutamento não significa redução na abstenção eleitoral.

“Muito pode acontecer daqui para lá, ademais tem gente que pode se tornar um eleitor ativo antes da eleição, mas a paixão ceder lugar para outras paixões e a pessoa não aparecer para votar”, diz.

Para o advogado eleitoral Danúbio Remy, o crescimento nessa faixa etária mostra um aumento da participação voluntária, já que o voto não é obrigatório para as pessoas com 16 ou 17 anos.

Nome social

Outra diferença significativa em relação a 2018 é na quantidade de pessoas que vão utilizar o nome social. Passou de 263 naquele ano para 1.109, em 2022. Acima de 300% a mais.

A inclusão do nome social, utilizado por pessoas transexuais e travestis, no título de eleitor foi um direito assegurado por uma portaria do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), publicada há quatro anos, a seis meses da votação em primeiro turno de 2018.

Na avaliação dos especialistas, a diferença se dá justamente pelo fato de que ainda era um direito recente na última eleição geral. “Era uma inovação. Isso revela que os temas debatidos na sociedade ganharam espaço na agenda eleitoral”, avalia o cientista político.

Para o advogado eleitoral Leonardo Batista, o dado também demonstra que, quatro anos depois do início da medida, as pessoas transexuais e travestis estão mais seguras para fazer o requerimento do nome social.

Também aumentou, em Goiás, a quantidade de pessoas que se declararam com deficiência. São 24.503 em 2022 contra 17.625 em 2018, ou seja, 39% a mais. Para Danúbio Remy, o número reflete uma conscientização da sociedade. “Cada vez mais tem tido um incentivo de igualdade de oportunidades na sociedade. Tem sido cada vez mais um motivo de orgulho”, avalia.

Na avaliação de Carvalho, uma hipótese para esse crescimento é a de que o número reflete um maior engajamento político de camadas da sociedade que ainda enfrentam exclusões na sociedade.

Grau de instrução e gênero mantêm índices de 2018

Os dados de grau de instrução do eleitorado não mudaram muito em relação a 2018. A fatia maior está entre aqueles que têm o ensino médio completo. São 1.378.815 pessoas em Goiás, ou seja, 28,3% dos eleitores goianos. A segunda maior parte é preenchida por aqueles com ensino fundamental incompleto. São 1.082.411, isto é, 22,2% dos que estão aptos a votar.

A porcentagem de analfabetos caiu. Passou de 3,03% do eleitorado goiano em 2018 para 2,6% em 2022. Eram 135.162 pessoas que não sabiam ler ou escrever na última eleição geral, contra 127.373 em 2022. Essa queda, porém, é considerada pouco significativa pelos especialistas.

Além disso, 11,7% dos eleitores goianos têm ensino superior completo, porcentagem próxima da registrada em 2018 – 11,9%. Para o cientista político Guilherme Carvalho, é um dado que precisa ser mais explorado, de forma que também seja analisado o perfil de renda desses eleitores.


“Hipoteticamente, mais da metade do eleitorado estaria insatisfeita com a economia. O mercado de trabalho tem absorvido essas pessoas? Se tem absorvido as pessoas sem ensino superior, tem sido qualitativo? Porque a pessoa pode ter emprego, mas não conseguir pagar suas contas”, analisa o cientista político.

O TRE-GO também informou que, até o dia 15 de junho, o eleitorado estava dividido entre 52,52% de mulheres e 47,48% de homens. Índices que só mudam as casas decimais em relação a 2018 – 52,4% e 47,6% respectivamente. O porcentual da coleta de biometria, segundo o tribunal, foi baixo em 2022 por conta da pandemia da Covid-19 – 359.225. Apesar disso, em 2018, Goiás já tinha 99,85% do eleitorado com o cadastro biométrico. Os dados em relação aos municípios não tiveram grandes mudanças. Goiânia ainda é o maior colégio eleitoral, com 1.032.009 pessoas aptas a votar. O menor é Anhanguera, com 1.234 eleitores.


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