“Fofoca” foi como o prefeito de Anápolis, Márcio Corrêa (PL), classificou os fundamentos que levaram à inclusão de seu nome na investigação sobre o uso de perfis anônimos para atacar adversários políticos e personalidades da cidade. Enquanto aguarda a decisão do Judiciário sobre a investigação, Corrêa comentou pela primeira vez publicamente o escândalo que explodiu durante a Operação Máscara Digital, realizada em maio.
Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (11), durante o evento de lançamento do aplicativo Anápolis Conecta, Corrêa classificou o envolvimento do nome dele como “absurdo”.
O prefeito prometeu entregar o celular dele à Polícia Civil para perícia de suas conversas e afirmou que está disposto a ser investigado “o dia inteiro”. As conversas são importantes justamente porque o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Anápolis identificou uma fala que seria de Corrêa, supostamente coordenando um dos ataques em um grupo de WhatsApp criado com essa finalidade.
Atualmente os autos do inquérito estão na Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração (Dercap), em Goiânia que avocou a investigação em junho. Antes do prefeito, eram investigados o secretário municipal de Comunicação dele, Luís Gustavo Rocha, o jornalista que coordenava a Comunicação da Câmara Municipal de Anápolis, Denilson Boaventura, e a comunicadora e candidata a vereadora Ellysama Aires Lopes Almeida. O nome de Corrêa surgiu com a análise forense do celular do ex-secretário.
Recortes das conversas foram indicados nos autos remetidos pela Polícia Civil e atualmente Ministério Público e o Tribunal de Justiça é que definirão pela inclusão ou não de Corrêa no inquérito, tendo em vista os prefeitos terem foro privilegiado. Ainda não se sabe, entretanto, qual a profundidade das eventuais demais provas já apuradas pela investigação contra Corrêa e os que já investigados.
O que se sabe é que houve ataques coordenados em perfis anônimos para atingir a honra de adversários do campo político, religiosos, influenciadores e empresários de Anápolis.
Estou muito tranquilo. Me envolveram em uma possível investigação e estou aguardando. Nem contratei advogado. Você vê as funções que eu tenho para contratar um advogado, porque isso é absurdo”, declarou Corrêa.
Márcio Corrêa minimizou o contexto e disse que, em função do cargo, esta não será a primeira ou única investigação que poderá enfrentar:
“Eu vou ser investigado, não é por isso não. Vou ter várias ações que terá investigação e quero ser investigado. E vou ser porque eu sou prefeito”.
Evitando comentar os supostos crimes apontados pelo Geic, que envolviam uma pessoa do alto escalão de sua equipe, ele seguiu minimizando a investigação, mas também fez uma insinuação sobre o ex-prefeito Roberto Naves (Republicanos), adversário político. “Enquanto estão querendo me investigar por fofoca, por calúnia, tem investigação de homicídio de suposto laranja de ex-prefeito”, alfinetou.
A alfinetada tenta requentar polêmica do período da campanha eleitoral em que, tanto Corrêa, quanto Naves, buscaram levantar suspeitas um sobre o outro a respeito de um caso de homicídio de grande repercussão que estava sendo investigado pela Polícia Civil.