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Após ter de tirar o útero, mulher agradece irmã que aceitou ser sua barriga solidária: 'Largou da vida dela para realizar meu sonho'.


Uma mulher está sendo a barriga solidária da própria irmã que teve que tirar o útero após uma infecção, em Nerópolis, na Região Metropolitana da capital. O sonho de ser mãe da auxiliar administrativa Gessiara Rodrigues de Oliveira, de 37 anos, já está sendo realizado e virá de forma dupla. Os gêmeos, Maria Cecília e Matheus, que estão sendo gerados pela irmã dela, Janaina Rodrigues de Oliveira, de 39 anos, vão nascer em novembro. Ela agradeceu o ato de amor da irmã.

“Ela [irmã] largou da vida dela para realizar meu sonho. Eu faria o mesmo por ela. Se não fosse por ela, eu não ia sentir o amor de mãe que eu tenho vontade de sentir”, disse a auxiliar administrativa.


A Gessiara e o esposo, Romario Reis de Sousa, 31, que estão casados há três anos, sempre sonharam em ter filhos, mas a notícia de que uma gestação não seria possível acabou substituindo o sentimento em uma imensa tristeza.

“Sofri depois que casei. Principalmente depois que casei. Eu sabia que um casal sempre tinha filho. Eu falava para o Romario, mas ele nunca me cobrou. Desde quando a gente começou a namorar, ele sabia do meu problema de não poder ter filho”, contou.
Cinco anos antes do casal se conhecer, Gessiara passou por complicações em uma gravidez, que terminou em um aborto espontâneo. Com isso, os médicos tiveram de retirar o útero dela, limitando também um dos maiores anseios dela – a gestação. “Eles tiraram meu útero, fiquei com meus dois ovários”.


Emocionado, o esposo contou que também sempre sonhou em ser pai, mas, para não causar ainda mais sofrimento para a mulher, ele não comentava, guardando o sentimento para si.

“Eu a chamei para namorar, Ela aceitou, mas falou que não poderia ter filhos. Nunca quis decepcioná-la. Eu tinha vontade dentro de mim, mas nunca quis me expor para ela”, revelou.
Fertilização in vitro
A irmã mais velha acompanhava de perto o sonho e o sofrimento do casal e disse que acabava sofrendo junto.

“Ela queria o útero, não deu certo. Conversei com meu esposo e ele perguntou se eu estava disposta a passar por isso, já que uma gravidez não é fácil, e respondi: ‘estou’”, disse a irmã.

Em fevereiro deste ano, Gessiara começou a tomar a medicação no Hospital das Clínicas, em Goiânia. Um mês depois, aconteceu a coleta do material e a fertilização in vitro, e os dois embriões foram implantados na irmã. Já no 8ª mês de gestação, os gêmeos estão fortes e o parto já está marcado para o dia 25 de novembro.

“Estou tranquila. Sei que não é meu. É dela. Mas a gente sempre vai estar junta. Só de saber que estou realizando o sonho dela, é bom demais”, contou a irmã.
A conexão e o amor das duas são tão grandes que Gessiara disse que sente todos os sintomas da gravidez: “Eu até sinto as coisas que ela sente. Desde o início. Senti estômago ruim. As dores de cabeça que ela tinha eu também tive”, contou.

Tentativa de adoção
O casal contou que estava na fila de adoção do Juizado da Infância e Juventude, até que um dia, uma mãe apareceu para fazer uma adoção direcionada, alegando que não tinha condições para criar o filho.

O menino chegou à casa da família com 1 anos. Foram dois anos de plena realização do casal. Até que um dia a mulher voltou. A mãe biológica quis a criança de volta e a levou embora.


“Isso é doído demais. A gente acostuma. Eu mais o Romario, a gente queria adotar uma criança porque a gente queria ser mãe e pai da criança. Ai vai e toma a criança de volta. A gente sofreu muito, eu sofri muito”, contou.


Após o episódio, a auxiliar administrativa ficou sabendo da existência do transplante de útero. Ela então procurou um médico, mas, ao tentar a alternativa, acabou tendo mais uma frustração.

“Médico disse que eu não poderia arriscar. Porque eu tinha quase morrido por causa de um problema que eu havia tido no útero”, contou.
Amigos acompanhavam sofrimento

Os amigos do casal sabiam da vontade imensa do casal ter filhos e, na tentativa de levar mais conforto aos dois, acabavam os convidando para apadrinhar outras crianças.

Ao todo, os dois batizaram 11 afilhados. Pela casa, há fotos em todos os cantos do casal com as crianças. Agora, os corações dos dois vão ter que ficar ainda maiores, pois os gêmeos já estão batendo à porta.

“Eu vou ser mãe, né. Minha vida daqui 27 dias vai mudar. Não será só mais eu e ele. Vai ser eu, ele, a Maria Cecília e o Matheus. Eu tenho amor demais”, contou Gessiara.
“Nós vamos ter duas crianças dentro de casa. Estamos sabendo que serão nossos. Não vai ter o risco de ninguém tomar”, contou o esposo.


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